quinta-feira, 16 de julho de 2009


Há 5 (cinco) anos sofri um terrível acidente automobilístico que resultou a perda da visão de um olho. Por um milagre de Deus, minha vida foi poupada para que eu pudesse hoje acompanhar o crescimento de meu filho, que conta com a mesma idade do infortúnio.
Somente aquele que perdeu um membro, um órgão dos sentidos de vital importância como é a visão, sobretudo na fase adulta, onde as adaptações são lentas devido a inúmeros fatores, sabe a exata dimensão das dificuldades do dia-a-dia, dos transtornos, pois os esbarrões são constantes e o convívio em sociedade, o relacionar-se novamente, apresenta-se de modo gradativo. Imagino tristemente para quem tem esta perda desde a infância.
Trabalhar as minhas limitações tem sido tarefa hercúlea. Ademais, o medo insuportável de perder o olho sadio, o desconforto com a prótese, a estética, a não aceitação da deformidade, diante de uma sociedade que prima pelo belo, algo que só tenho conseguido superar com o apoio de minha família e de amigos sinceros.
Diante de tudo isso, não há algo pior que as discriminações e o escárnio. Inúmeras são as profissões que não podemos exercer devido à monocularidade e mesmo assim não ser considerado deficiente, parece-me uma excrescência. Deixa-me com sentimento de injustiça e descrença em meu País, mas espero que o estado de Minas Gerais possa fazer renascer nossa esperança assim como os demais estados onde existem leis, inclusive sancionadas recentemente.
A dificuldade de ser absorvido no mercado de trabalho por não ser considerado deficiente visual, o nobre deputado deve ter ciência disso, onde a competitividade é constante. Ora, quem compraria uma mesa com 4 pés, estando 1 quebrado, se existem outras mesas na mesma vitrine com 4 pés perfeito? É isto deputado, ficamos na vitrine com milhares de outros humanos que se dizem normais, a única diferença é que nossa perda não se pode “concertar”, pois juro pelo meu Deus que se pudesse escolheria jamais ter perdido a visão de um olho. E hoje não seria tratado como um ogro. Agradeço a Deus por me dar condições de comprar uma prótese, caso contrário não pisaria um metro fora de casa, pois além de discriminado como já somos, ainda seríamos atrações circenses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário